Comemorando 10 anos de carreira, a cantora e compositora potiguar Dani Cruz decidiu alçar voos diferentes e se aventurar por novos ritmos musicais. Um gostinho do próximo trabalho da artista foi apresentado por ela, como spoiler, na primeira edição do Festival Ponto de Ebulição, que tomou o palco do Teatro Riachuelo neste mês.
Dani já é um rosto conhecido pelos eventos de Natal. Em 2014, começou a cantar profissionalmente em um projeto de samba jazz. E essa sonoridade ainda tem forte presença nos trabalhos autorais da cantora, além do soul, new bossa e daquele sambinha raiz – a fluidez da voz se encaixa perfeitamente nas melodias.
Agora, a artista se prepara para explorar afrolatinidades. “As novas canções vêm numa pegada mostrando outras referências que eu tenho para além do samba. Vocês podem esperar uma vibe de afrolatinidades e composições que venho guardando na gaveta, tudo está muito bem pensado com muito carinho e é isso que eu posso dizer até agora. Abram seus corações para conhecer outras Danis”, revelou ela, em entrevista à Revista Cultue.
Dani, que movimenta a cena de produção cultural do estado, enfrenta desafios diários para manter o trabalho autoral. “É esse lance de confiar no processo enquanto ele está acontecendo, planejar também. Esse confiar envolve estar junto de pessoas que acreditam no sonho também, então a gente não faz nada aqui sem essa conexão com as pessoas que estão com a gente, que trabalham com a gente e produzem com a gente. É uma área em que a gente precisa de apoio, engajamento e dedicação das pessoas. Procuro estar junto de pessoas que tenham essa sintonia”, pontuou.
“Afoita”, primeiro EP da cantora lançado em 2019, já é um registro das diferentes faces de Dani. O single “Debochada”, por exemplo, brinca com as características da personalidade: “dissimulada, pirada, atrasada, folgada, ocupada, aluada, envergonhada, danada, um pouco pirada, debochada. Fazer o que, né?”.
Tempos depois, Dani Cruz segue com a mesma dedicação iniciante. “Vixe, estou nem louca de parar nesses 10 anos. Eu quero mais décadas e décadas. A música é um negócio assim que a gente não escolhe, ela nos fisga e é bem ciumenta, fisga e quer toda a nossa atenção, todo o nosso comprometimento e alma. Ela tem tudo isso de mim”.
Festival Ponto de Ebulição enaltece vozes femininas
Com programação gratuita no Teatro Riachuelo, a primeira edição do Festival Ponto de Ebulição levou um line-up 100% feminino para o público nos dias 11 e 12 de julho. Foram apresentados shows exclusivos das cantoras Khrystal, Valéria Oliveira, Dani Cruz, Simona Talma e os encontros inéditos de Cami Santiz com Gracinha e Sarah Oliver com Tiquinha Rodrigues.
O Ponto de Ebulição surgiu como uma iniciativa que busca proporcionar uma experiência musical íntima e significativa. “Por ser a primeira, foi um teste para entendermos a potencialidade do projeto, o formato do teatro, a plateia, a pista, os horários. A primeira edição é sempre um grande piloto. A partir dela, sentimos a recepção do público e ajustamos para as próximas edições. Sim, esperamos ansiosamente as próximas edições”, contou Nathalia Santana, idealizadora e produtora do festival.
O objetivo é que o projeto seja anual, embora a captação de recursos seja desafiadora. “Precisamos de tempo significativo para finalizar uma edição e iniciar a próxima, pensando na escrita de projeto, nas leis, na captação de recursos e na articulação com os artistas. É um longo processo, mesmo sendo um festival de pequeno porte”, descreveu ela.
Dani Cruz também destacou a relevância de eventos como esse para a cena artística local. “O festival reúne artistas que estão atuando, mas que às vezes não conseguem chegar até um espaço como esse, por exemplo, do teatro. É uma iniciativa valiosa”, comemorou a cantora.