Os riscos climáticos são uma preocupação crescente para diversos setores da sociedade, incluindo o financeiro. Eventos naturais como enchentes, secas, furacões, queimadas e outros fenômenos impactam diretamente a economia global, afetando cadeias produtivas, negócios e, naturalmente, as instituições financeiras. Esses impactos podem ter consequências graves sobre empréstimos, investimentos e a própria reputação e conformidade regulatória dos bancos, tornando a gestão desses riscos essencial para a sustentabilidade não apenas das instituições bancárias, mas de todo o sistema financeiro, conforme destacado por Edmilson Gama, especialista em Governança Corporativa.
Os riscos climáticos podem ser divididos em dois grandes grupos. Primeiramente, existem os riscos diretos, que envolvem danos materiais causados por eventos climáticos extremos, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, danificando imóveis, equipamentos e ativos dos bancos. Em segundo lugar, há os riscos físicos indiretos, que afetam a cadeia de suprimentos e setores econômicos inteiros, impactando a saúde financeira dos clientes e, consequentemente, o desempenho dos bancos. Segundo Edmilson Gama, esses riscos, se não devidamente geridos, podem gerar instabilidade no mercado financeiro e prejudicar a resiliência econômica global.
As instituições financeiras estão cada vez mais conscientes dos riscos climáticos e já sentem seus efeitos em diversas áreas:
Mudanças regulatórias: Reguladores em diversas partes do mundo estão impondo exigências mais rígidas, como a realização de testes de estresse climático, obrigando os bancos a avaliarem suas exposições aos riscos climáticos. Isso estimula a adoção de estratégias mais robustas de gerenciamento de risco.
Portfólios de investimento: Investidores e clientes exigem que os bancos considerem os riscos climáticos em suas decisões de investimento. Como resposta, as instituições financeiras estão reavaliando seus ativos e redirecionando recursos para projetos de energia renovável e tecnologias sustentáveis, alinhando suas práticas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Reputação e aceitação social: A reputação das instituições financeiras está cada vez mais atrelada à sua postura em relação aos riscos climáticos. Clientes e investidores buscam fazer negócios com bancos que demonstram um compromisso sério com a sustentabilidade. Um banco que ignore os riscos ambientais pode perder credibilidade e mercado.
Estratégias para Mitigar os Riscos Climáticos
Para mitigar os impactos dos riscos climáticos, muitas instituições financeiras estão implementando diversas estratégias, incluindo:
1. Testes de estresse climático: Simulações de cenários extremos para avaliar como os portfólios de crédito e investimento reagiriam a eventos climáticos severos.
2. Integração de ESG: Incorporação de princípios ambientais, sociais e de governança (ESG) em todas as operações e decisões financeiras.
3. Financiamento sustentável: Direcionamento de recursos para projetos que promovam a sustentabilidade e a resiliência climática.
4. Capacitação interna: Treinamento de equipes para compreender os riscos climáticos e suas implicações para a gestão de ativos e investimentos.
Embora os riscos climáticos representem desafios significativos, também trazem oportunidades para inovação e adaptação no setor financeiro. Ao integrar esses riscos em suas estratégias, as instituições financeiras não apenas protegem seus ativos, mas também criam novas oportunidades de negócios, alinhadas a um futuro mais sustentável. Edmilson Gama destaca que a resposta do setor financeiro aos riscos climáticos será determinante para a trajetória global em direção a uma economia verde.
Agir proativamente permitirá que as instituições superem os desafios e colham os benefícios de um mercado em transformação.
Edmilson Gama é especialista em Governança Corporativa e Compliance, advogado, engenheiro e mestre em economia. Autor de livros sobre finanças empresariais e governança corporativa, Edmilson Gama atualmente ocupa o cargo de CFO no BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.